Pensamento do dia:

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Walking Bullying



Alisson era uma menina muito rica, mas isso não significava que ela tinha tudo, ao menos, o que o dinheiro não podia comprar. Ela era a rainha do bullying. Não porque sofria algum, mas porquê aplicava em qualquer um, em qualquer lugar que fosse e na hora que sentisse vontade. O porquê de tanta maldade, era o que os sofredores perguntavam. O que eles não sabiam, era que ela sofria de um transtorno obsessivo compulsivo, onde tinha a necessidade de se sentir superior e melhor que os demais. Ela fazia isso, porque foi ensinada assim. Seus pais a compararam aos seus irmãos e então o desejo por ser quem todos diziam que era se tornou maior do que a verdade. Ela perseguiu isso com afinco até que um encontro a fez ver as coisas como elas realmente eram.

Anos mais tarde, após ter se formado em psicologia, já clinicando, e sem mais lembranças do que fazia no passado, de certa forma, parece que um grande abismo foi criado entre essas lembranças para a vida que levava, ela teve uma espécie de ''déjà vu''. Atendendo um paciente novo, Alisson viu o estado que deixou uma das pessoas que fez bullying, ouvindo as seguintes palavras:

"Eu sempre sofri Bullying na escola. Na época, não tinha esse nome. Tinha qualquer outro, mas isso não importava. A vergonha era maior que tudo. Então, nunca me senti bom, bonito, ou qualquer outra coisa. Eu só era o que as pessoas diziam que eu era. Alguém sem personalidade. Sem verdade. Vivendo a grande mentira de ser eu mesmo. Alguém que eu nunca quis ser. E quem eu nem sequer sabia quem eu era. Eu acho que mudei muito, mas ainda vejo resquícios do velho eu, que não era bem eu, ainda por aqui. Você consegue me compreender? Consegue entender o que eu passei? Quantos danos isso me causou? O que você fez comigo."

Alisson ficou atônita, pois não conseguia associar o que tinha acabado de ouvir com aquilo que havia se tornado. Foi como se o abismo da falta de lembranças houvesse desaparecido e lembranças e mais lembranças viessem à tona. Ela teve um colapso nervoso e começou a chorar compulsivamente na frente de seu paciente. O paciente se levantou do seu divã e foi até ela, quando ela o viu indo em sua direção, pensou que este fosse seu fim, mas com um terno abraço, ele a acalentou e acalmou, e com palavras doces e brandas, ele disse que entendia o que ela havia passado e o que estava sentindo.

E desde então, Alisson resolveu procurar cada pessoa que fez mal para se retratar. Talvez aquilo fosse tarde demais, mas para prosseguir como uma verdadeira profissional, ela teve que descer ao nível mais baixo em seu ego e reconhecer que precisava daquele choque de realidade. Ela prossegue até hoje nessa jornada e se tornou uma militante pelos direitos dos menos favorecidos, e no auxilio a pessoas que sofrem qualquer tipo de abuso.

* Este conto foi inspirado na personagem Alison DiLaurentis,
da série de TV Americana, Pretty Little Liars

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